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Foto: Arquivo Pessoal

Karla Soraya é estudante de Direito na Universidade de Fortaleza. Segundo ela, os habitantes de Maracanaú são preparados desde jovens para trabalharem em empresas e indústrias, justamente pelo fato da cidade ser sede de tantas. Nem todos possuem o desejo de seguir no ramo, e acabam não encontrando uma boa estrutura para seguir com os estudos, ou trabalhar em um ambiente que é do seu agrado. Ela também acrescenta que não existem teatros atrativos ou livrarias na cidade, o que a faz ter a necessidade de ir pra capital.

“Eu sinto a necessidade de ir pra Fortaleza pra conseguir sair do senso comum de trabalhar numa indústria como todo mundo aqui, pra ser uma pessoa, digamos que, melhor na vida”

Você pode conferir esse trecho e um pouco mais na entrevista que fiz com ela:

Depoimentos de quem enfrenta o problema

A migração pendular, ou movimento pendular, se refere ao período em que as pessoas saem de casa pela manhã para trabalhar e retornam à noite. Apesar de ser bem diferenciada da verdadeira migração, esse tipo não chega a ser definitivo, ou durar um longo período. Compreende apenas o tempo em que o habitante se desloca até o trabalho, cumpre sua jornada diária e volta pra casa.


O termo cidade-dormitório também pode ser utilizado, mas apenas para quem realmente faz o trajeto Fortaleza-Maracanaú todos os dias. Essa expressão se refere às cidades que não exercem atividades suficientes para empregar toda a sua população, levando os habitantes a se deslocarem para outra mais próxima. Eles então fazem das suas moradias locais que vão para dormir e repetir a mesma rotina no dia seguinte.

 

Mas como mesmo tendo a presença de indústrias, existem tantas pessoas que vão em busca do sustento em Fortaleza?

O que é a Migração Pendular?

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Morar longe da capital é o sonho de qualquer pessoa que quer fugir do estresse. Viver na região metropolitana pode ser uma saída: não se perdem as regalias de morar próximo a grandes centros comerciais e ainda há o sossego de uma cidade do interior. Mas e quem mora na região metropolitana e precisa trabalhar na capital? É um dilema que afeta muitos habitantes.

 

Em Maracanaú, cidade da região metropolitana de Fortaleza e maior centro industrial do estado do Ceará, existe um grande fluxo de pessoas que se deslocam diariamente para trabalhar ou estudar nas escolas e universidades da capital. Esse movimento, ida e volta, assemelha-se com um pêndulo. Não é à toa que esse percurso diário ganhou definição: migração pendular.

Fortaleza e Maracanaú: Dilemas da distância

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Migração Pendular

A ROTINA DE QUEM VIAJA 
TODOS OS DIAS

Para o geógrafo e professor Renato Aguiar, a origem do problema está na gentrificação. Mas o que significa este termo? Segundo ele, a gentrificação ocorre quando comércio, órgãos públicos ou até mesmo prédios comerciais ocupam lugares mais centrais, tornando essas áreas mais caras. A classe trabalhadora, portanto, não consegue residir nesses lugares por causa do preço, sendo levados para as áreas periféricas para que possam morar com qualidade. É o que acontece com as regiões metropolitanas, nesse caso, Maracanaú.

 

Desde seu surgimento a cidade tem sido projetada para receber indústrias, ganhando incentivos fiscais e malha rodoviária, tudo isso para facilitar a instalação das mesmas. Apesar disso, a população não tem hospitais, escolas ou universidades de grande estrutura. A situação é tão séria que muitas vezes não existem tratamentos médicos adequados para quem precisa.

“Maracanaú não tem os mesmo equipamentos, sobretudo quando você fala de hospitais, escolas e universidades. Então é comum que haja esse movimento de pessoas que moram nessa cidade e que se deslocam pra Fortaleza diariamente pra estudar, trabalhar, fazer algum tratamento médico”.

O professor ressalta ainda que as cidades têm se tornado tão integradas, que as diferenças se tornam quase imperceptíveis entre elas, como arquitetura ou iluminação. A tendência é de que isso torne-se comum. Fortaleza se desenvolve, áreas são valorizadas, e a população ocupa a periferia.

Geógrafo analisa as origens do problema 

Âncora 1

Acompanhei o trajeto de Edilton Fontenele, que apesar de aposentado, ainda vai para Fortaleza todos os dias trabalhar. Confira o vídeo:

Mesmo com os benefícios dessa integração, não é incomum ouvir os residentes reclamando do quão cansativo é realizar essa viagem todos os dias. Nos ônibus, principalmente. Mesmo com as promessas de WiFi e ar condicionado na maior parte da frota, até agora poucos são os que apresentam as melhorias. Morar longe tem suas regalias mas pode também se mostrar uma grande dor de cabeça. Distância, congestionamentos, transporte de má qualidade, tudo isso somado com o cansaço físico no fim do dia... O resultado é evidente: qualidade de vida insatisfatória.

Gastos vão além do dinheiro

Âncora 2
Âncora 3

O trajeto, que deveria ser tranquilo, tem motivo para ser conturbado como é. Falta de planejamento, de orientações eficazes e de organização no trânsito: Questões simples que merecem atenção, mas que são ignoradas. Mesmo com alternativas como o metrô, que economiza tempo, impedimentos como a falta de regularidade no serviço atrapalham quaisquer planos de cortar caminho.

Não se sabe a solução para o problema da migração pendular. Ofertar boas estruturas e oferecer apoio aos cidadãos pode não ser suficiente. Como sabemos, a questão da mobilidade urbana sempre foi um fantasma que assombrou o Brasil. Enquanto isso, vamos convivendo com os coletivos lotados, extensos congestionamentos e desconfortos da rotina.

Conheça as principais rotas de acesso a Maracanaú

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