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O que é
e como acontece

Nirla Oliveira é enfermeira obstétrica e explica quais são os tipos de violência: física, psicológica, verbal ou sexual. Segundo ela, muitas dessas situações ocorrem devido à negligência ou discriminação dos médicos, por condutas desnecessárias e sem embasamento científico. Ainda acrescenta que os efeitos dessa prática atingem não somente à mãe e o bebê, mas também à família.

 

A violência começa com uma atitude simples. Nirla Oliveira esclarece: “É comum tratarem as gestantes por ‘mãezinhas’. A primeira coisa que as mulheres perdem é o nome. Vai se perdendo a identificação, a dignidade. Isso diminui a força, diminui a mulher como um todo. É uma cultura machista que retira toda a autonomia da mulher”.

 

As sequelas, psicológicas ou fisiológicas podem ser raras, mas, em determinados casos,  chegam a levar à morte. “Nos dias de hoje ainda é recorrente o ensinamento de que a mulher deve sofrer as dores do parto. Mesmo sabendo que são pensamentos antigos, vale ressaltar que a maioria das mães acham que essa violência faz parte do processo de parir. Isso ocorre porque elas não possuem acesso suficiente à informação sobre violência obstétrica”, explica a enfermeira.

Fatores como fragilidade, medo e falta de provas fazem com que a denúncia, uma possível saída para o constrangimento e a dor que essa violência causa, não seja feita. Nirla Oliveira menciona que a vítima, às vezes, conta até mesmo com a falta de apoio das pessoas à sua volta. “A sociedade sempre vai achar que o profissional estava fazendo o melhor e que ela [a mãe] era quem não estava contribuindo para que esse profissional fizesse o melhor”.

 

"Já presenciei vários tipos de violência. Das mais simples às mais grosseiras. Por parte da equipe de profissionais, por parte da família, por pessoas desconhecidas”. Mas há solução. Para todas as mulheres que sentem necessidade de suporte, existem práticas de atenção à gestação aceitas pelo Ministério da Saúde. Quando esse tema ainda não era amplamente discutido, apesar de acontecer com frequência, não havia a quem recorrer. Hoje existem ONGS especializadas e movimentos sociais que difundem a informação nas redes sociais.

 

“Existem incentivos, a Rede Cegonha, o parto adequado, projetos do governo federal. Isso tudo é muito difundido, principalmente pelo SUS. Existe cada vez mais uma conscientização e orientação para os profissionais. Essas práticas todas são baseadas em evidências científicas atuais e voltadas para a autonomia da mulher”, informa Nirla.

Para ela, o importante mesmo é procurar se informar. Sentir-se acolhida em uma situação traumática é benéfico e une os envolvidos em prol da causa. A propagação de direitos, a ajuda e a assistência definem como uma mãe poderá superar o ocorrido. Nirla finaliza: “Quando a gente tem informação, a gente consegue lutar pelos nossos direitos e, só assim, lutando por eles, podemos mudar a nossa realidade e a realidade de muitas outras mulheres”.

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Por Arícia Fontinele, Isabelle Narciso e Joyce Oliveira.

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